“Perde-se o Brasil, Senhor (digamo-lo em uma palavra) porque alguns ministros de Sua Majestade não vêm cá buscar nosso bem, vêm buscar nossos bens.”
As palavras de P.e Antonio Vieira pregadas em Salvador, em 1641, diante do Vice-Rei, Marques de Montalvão, possuem uma impressionante atualidade. Na continuidade do discurso, Vieira define a origem do mal que assombra o Brasil, a atitude de “tomar o alheio”. O alheio é o bem comum que não pode ser instrumentalizado em benefício de um único indivíduo. E usa a tradicional analogia da medicina do corpo para definir este mal como uma doença que acomete o coração da república e cria aquela desordem do corpo social e político que, por um lado, leva à impunidade (faltando a justiça punitiva) e, por outro, à injustiça (faltando a justiça distributiva).