quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A Tunísia e o Nobel da Paz: um caminho para o Brasil

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Luigi Giussani utilizava a expressão “mais sociedade, menos Estado” para dizer que é preciso “mostrar ao Estado o horizonte último da sua atividade: ajudar o homem, cada homem, a caminhar rumo ao seu Destino” [1]. Assim sendo, “é no primado da sociedade diante do Estado que se preserva a cultura da responsabilidade. Primado da sociedade, portanto: como tecido criado por relações dinâmicas entre movimentos que, criando obras e agregações, constituem comunidades intermediarias e assim exprimem a liberdade das pessoas potencializada pela forma associativa” [2].
Um exemplo da força da sociedade civil e de sua capacidade de colaborar para a superação de momentos críticos da vida política de uma nação, está diante dos nossos olhos nesses dias, reconhecido internacionalmente pela concessão do Prêmio Nobel da Paz. Trata-se de quatro instituições da sociedade civil, unidas em um fórum – o Quarteto nacional de Diálogo Tunisiano –, reunido para salvar o país num momento grave de crise, promovendo, com seu posicionamento, o processo da consolidação democrática da Tunísia. As instituições são: a União Geral Tunisiana do Trabalho, a União Tunisiana da Indústria, do Comércio e do Artesanato, a Ordem Nacional dos Advogados e a Liga Tunisiana dos Direitos do Homem. Sensibilizadas pela morte do deputado Mohamed Brahmi, assassinado pelos jihadistas, em 2013, essas instituições agiram de forma coordenada de modo a intermediar o diálogo num momento em que o caos político ameaçava a nação, conseguindo inclusive derrubar o então presidente militar Zine Abdine Ben Alli. Diante da ameaça da reação violenta e do caos de uma guerra civil, o Quarteto promoveu um processo político pacífico.
Nas palavras de Mohamed Fadhel Mahfoudh um dos representantes do Quarteto, a mensagem serve para todos os povos do mundo, para “que suas diferenças sejam resolvidas pela via do diálogo, do compromisso, que evita a violência, o extremismo e a guerra” [3]. Trata-se de um recado para os povos do Oriente Médio. Mas também para o Brasil, neste momento difícil que está atravessando. O esforço dos povos em “caminhar em direção da democracia e da liberdade” pode ser promovido por associações da sociedade civil que tenham um poder mobilizador devido à sua integridade moral. Trata-se de um caminho a ser realizado com paciência e perseverança, pois “as conquistas não vêm por acaso, não caem de paraquedas, elas vêm pouco a pouco” [4].
 
Notas:
[*] Imagem extraída do Jornal El País.
[1] GIUSSANI, Luigi. O eu, o poder, as obras: contribuição de uma experiência. São Paulo: Cidade Nova, 2000, p. 53.
[2] GIUSSANI, Luigi. O eu, o poder, as obras: contribuição de uma experiência. São Paulo: Cidade Nova, 2000, p. 165.
[3] NETTO, Andrei. 'Nobel é um prêmio a todo o povo tunisiano', Estadão, 10 de outubro de 2015, p. A12. Disponível em: <http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,nobel-e-um-premio-a-todo-o-povo-tunisiano-imp-,1777520>. Acesso em 10 out. 2015.
[4] NETTO, Andrei. 'Nobel é um prêmio a todo o povo tunisiano', Estadão, 10 de outubro de 2015, p. A12. Disponível em: <http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,nobel-e-um-premio-a-todo-o-povo-tunisiano-imp-,1777520>. Acesso em 10 out. 2015.

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