Em entrevista coletiva recentemente concedida pelo Papa Francisco, ao voltar dos Estados Unidos, ele afirmou: “Quando penso na África – é um pouco simplista, mas digo-o como exemplo –, vem-me ao pensamento: a África, o continente explorado. Os escravos e depois os grandes recursos, iam apanhá-los lá... O continente explorado. E agora, por detrás das guerras tribais também há interesses econômicos... Eu penso que, em vez de explorar um continente, um país ou uma terra, é preciso fazer investimentos para que aquelas pessoas tenham emprego; e assim se evitaria esta crise”. Vejamos como se pode responder e se vem, concretamente, respondendo a este desejo expresso pelo Papa.
Um exemplo de iniciativas nesta direção é descrito no artigo “Apostamos na África? Uma tentativa de lidar com a ‘migração bomba’ sem assistencialismo” [1], publicado recentemente na revista eletrônica Tempi.it, o Prof. Mario Molteni, docente da Universidade Católica de Milão, apresenta a experiência de E4impact, uma rede de programas de pós-graduação para empresários africanos com alto impacto social, concebida e levada à frente por aquela Universidade Católica, na África, por enquanto em cinco países.
O experimento teve início em 2011 no Quênia, na Universidade Católica da capital Nairóbi. O objetivo é original: treinar novos empreendedores atentos ao impacto social da sua ação. O programa é bem-sucedido. Mas, ainda, então era muito semelhante ao oferecido na Itália. Foi preciso colocar-se em discussão, trabalhar junto com eles, para criar algo realmente adequado às necessidades locais.
Foi dessa forma que nasceu, em 2013, um novo programa. Que fornece apenas 40 dias de sala de aula, para permitir que o empreendedor não se separe de seu trabalho. Junto aos dias em sala de aula são propostas aulas on-line (a internet na África está crescendo de modo muito rápido) e um consultor à disposição para dar suporte ao refinamento da ideia de “negócio”. Os participantes são planejadores e empresários que já atuam, dispostos a fazer uma mudança no setor. Assim concebido, o Master vem se impondo, promovido pelos alunos e por congressos. Em dois anos, o programa, sempre conseguindo parcerias com universidades locais, já está implantado em cinco países: Quênia, Gana, Uganda, Serra Leoa e Costa do Marfim.
Foi dessa forma que nasceu, em 2013, um novo programa. Que fornece apenas 40 dias de sala de aula, para permitir que o empreendedor não se separe de seu trabalho. Junto aos dias em sala de aula são propostas aulas on-line (a internet na África está crescendo de modo muito rápido) e um consultor à disposição para dar suporte ao refinamento da ideia de “negócio”. Os participantes são planejadores e empresários que já atuam, dispostos a fazer uma mudança no setor. Assim concebido, o Master vem se impondo, promovido pelos alunos e por congressos. Em dois anos, o programa, sempre conseguindo parcerias com universidades locais, já está implantado em cinco países: Quênia, Gana, Uganda, Serra Leoa e Costa do Marfim.
O artigo relata o exemplo de alguns protagonistas do programa. Jacqueline Kiage se interessou pelo programa de pós-graduação de E4impact com a ideia de comercializar no Quênia um tipo de lâmpadas solares de nova geração. Mas, depois de alguns meses, ela teve uma surpresa desagradável: uma cadeia de postos de gasolina no país já era o líder nesse negócio. Jacqueline não desanimou e tentou novamente. Seu marido é um cirurgião de olho, em um grande hospital em Nairóbi. Junto com ele, planejou uma empresa social que pode oferecer serviços oftalmológicos de alta qualidade a um preço acessível para as comunidades do sudeste do Quênia. Trabalhou no projeto nos seis meses restantes do Master e, obtido o diploma, buscou o apoio de muitas outras fundações. Arrecadou mais de meio milhão de dólares e construiu o centro. Depois de dois anos, o centro tem atendido mais de 20.000 pacientes e já estão se preparando para construir um segundo centro em uma área diferente do país.
Outro exemplo é o de Joseph Nkandu, fundador e diretor de Nucafe, um consórcio de cooperativas de cafeicultores que trabalham em 19 distritos diferentes de Uganda. Após o Master, Joseph conseguiu reunir 155 associações de produtores, dobrando o volume de produto vendido por cada agricultor e garantindo um aumento na renda familiar.
Outra aluna do programa de pós-graduação, Susan Oguya é uma jovem queniana que fundou M-Farm, serviços de portal internet e de SMS que ligam os pequenos agricultores aos mercados finais, o que lhes permite acessar informações como o preço de varejo dos produtos, e encontrar novos clientes, para comprar as matérias-primas diretamente dos produtores pulando intermediários.
Stephen Eku, do Gana, é agora chefe de uma empresa de alimentos que transforma leite e frutas. É líder na produção de sucos, iogurte e produtos lácteos em seu país, e serve uma rede de 3.000 revendedores na região de Accra.
Hoje, o Master já envolve mais de 300 empresários dos cinco países, nos quais já se criaram pelo menos 500 postos de trabalho, isso sem mencionar os benefícios associados com novas habilidades e formação e difusão de uma nova mentalidade.
Em suma, trata-se de uma ação que busca investir na formação de lideranças no mundo empresarial na África e que concretiza o que está desejado nas palavras do Papa. Um pequeno e promissor sinal de esperança e de construção no continente africano.
Notas:
[*] Imagem tirada de Tempi.it.
[*] Imagem tirada de Tempi.it.
[1] MOLTENI, Mario. Scommettiamo sull’Africa? Un tentativo di affrontare la “bomba migratoria” senza assistenzialismo. Tempi.it, 17 de setembro de 2015. Disponível em: <http://www.tempi.it/africa-bomba-migratoria-assistenzialismo#.VhcWm9GFOUl>. Acesso em 30 set. 2015.
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