Está escancarada aos olhos de todos os brasileiros a evidência de que o sistema político do país é, em grande parte, permeado pelo vício da corrupção; enquanto, neste momento, busca-se a sustentação a partir de acordos internos que, de alguma forma, levariam a preservar os merecedores de punições justas; ao mesmo tempo, busca-se manter a permanência desse mesmo vício. Essa tendência está sinalizada, sobretudo, nas informações recentes, veiculadas em diversos jornais, quanto ao projeto de lei que acaba com o foro privilegiado (que, da forma como foi aprovado, após tramitação no último dia 26 de maio, visa à preservação de presidentes e ex-presidentes), ou a discussão do projeto sobre abuso de autoridade, que também está tramitando no Congresso Nacional. Claro que isto leva a população a uma desconfiança generalizada nesse tipo de política e de políticos. A imprensa, em parte por eles financiada, não consegue ter orientações claras a respeito; pelo contrário há ambiguidades e não pouca ausência de isenção nos posicionamentos da maior parte da imprensa nacional.
Mas, se é verdade que a política é a expressão da polis, ou seja, da vida da sociedade civil, é este o momento para que a sociedade exerça seu papel, através de seus espaços de representação (movimentos sociais, igrejas, instituições educacionais, associações que visam a uma função educativa na sociedade); pressionando para que se traga à luz um juízo claro.
É preciso dizer: o vício da corrupção é grave, seja do ponto de vista político, que do ponto de vista ético. E toda omissão no momento de corrigir este vício equivale a ser conivente com ele; equivale igualmente a permitir que as novas gerações se criem numa sociedade cada vez mais desprovida de valores humanos. As consequências disso já se fazem sentir, e no futuro serão trágicas para o país, não apenas do ponto de vista econômico e político, mas principalmente do ponto de vista antropológico. Nesse sentido, é urgente que todos os que, de alguma forma, têm um papel educativo na sociedade, assumam-no se posicionando claramente e de forma pública, dentro dos seus próprios âmbitos de atuação, contra o vício da corrupção institucionalizado. É urgente este posicionamento transparente da sociedade civil, valendo-se e expressando-se através de cada uma das entidades que a representam; e é isso o que estamos solicitando a seus líderes. “Anima-nos um amor à nossa humanidade, ou seja, aquela espera de realização total que todo homem tem.” E reconhecemos que há, com certeza, um “objetivo para tudo o que existe e para a história, com suas cruzes e suas ressurreições”. [1]
Nós, leigos católicos, nos posicionamos, exortando a toda a sociedade brasileira e a todas as pessoas que desejam o bem do nosso país, a se manifestar e não permitir que políticos, juristas e empresários corruptos façam conosco o que quiserem!
Assim, convidamos a todos à indignação pacífica e construtiva, para nos unirmos em nome do bem e da justiça!
Estamos certos de que a união da sociedade pode mover a todos nós em direção ao bem comum, com ajuda de Deus.
Equipe Editorial do Núcleo Cultural Lux Mundi
Notas
[1] GIUSSANI, Luigi. O eu, o poder, as obras: contribuição de uma experiência. São Paulo: Cidade Nova, 2001, p. 267.
Nenhum comentário:
Postar um comentário