quarta-feira, 22 de abril de 2015

A liberdade contemporânea em questão: entre patologias e profilaxia

[*]

Na quarta-feira, dia 9 de abril, o Espaço de Cultura e Extensão da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, sediou o primeiro evento do Núcleo Cultural Lux Mundi. Em questão, a educação para a liberdade na sociedade contemporânea.

A mesa, composta por pesquisadores das áreas da Psicologia, Educação, Sociologia e Direito, analisou a natureza contraditória da civilização do progresso, que desencadeou no mundo um estado de barbárie generalizada. Em todas as falas, a evidência da trágica experiência que a humanidade vem sofrendo ao longo dos últimos séculos, fruto da irracionalidade da ciência bélica, da desonestidade do comportamento de muitas pessoas, da repentina aparição do ódio entre raças, culturas e religiões e que nem mesmo o Direito Civil está sendo capaz de apontar um caminho de solução.
Através do resgate de teorias de Erich Fromm, Hannah Arendt, André Glucksmann, Edith Stein e Luigi Giussani, analisaram a grande problemática da perda da liberdade no mundo contemporâneo, identificando também as principais patologias das quais a mesma padece. 
Os seres humanos, nos quatro cantos do planeta, nobres proprietários desta liberdade, são vítimas da falência da cultura moderna, que os dividiu, subtraindo-lhes a confiança em si e na própria cultura. Estão fadados ao medo, à insegurança, e isso pode levá-los à autodestruição. Estão dominados por um sentimento entranhado de impotência que os fazem encarar as catástrofes que se aproximam como se estivessem paralisados, impossibilitados, inclusive, de exercer sua capacidade empática e avaliar a proporção do mal por eles cometido. 
A humanidade encontra-se, novamente, mais vulnerável do que nunca a aceitar qualquer ideologia e qualquer chefe, desde que se ofereça uma estrutura política e símbolos que supostamente deem significado e ordem à vida do indivíduo: terreno bem propício par que ressurja no mundo fenômenos preocupantes como o nacionalismo exagerado e a xenofobia. Sob a égide da intolerância cultural e religiosa, justificam-se os diversos ataques sangrentos a grupos étnicos e religiosos que vem aumentando cada dia. 
Diante deste cenário apocalíptico, a educação ainda é a única saída profilática para devolver à liberdade humana o que é seu por direito: sua capacidade de agir sabendo o que quer, pensa e sente. 
É preciso que a escola e a universidade, espaços institucionalizados nas sociedades contemporâneas para que a educação aconteça, reassumam este papel. Sejam espaços de síntese e não de ruptura com o passado. Estejam atentas, até mesmo, a colocar em pauta de discussão o fenômeno religioso.
Para tanto, é necessário que os professores sigam o conselho do educador Paulo Freire e apostem no diálogo, estabelecendo relações solidárias e, se preciso, driblem os currículos pragmáticos e sem sentido, impostos pela ideologia do lucro, e que não ajudam em nada os nossos jovens a elaborarem o passado.

Rodrigo S. Borgheti

Notas:
[*] Da esquerda para a direita: D.r Gilberto Andrade de Abreu; D.r Rodrigo da Silva Borgheti; D.ra Marina Massimi e D.r Márcio Henrique P. Ponzilacqua. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário