“Melhor morrer de vodca do que de tédio”: esta frase de Vladimir Maiakovsky (1893-1930) foi postada no perfil do Facebook do estudante do quarto ano de Engenharia Elétrica da UNESP, Humberto Moura Fonseca; o mesmo jovem que há alguns dias morreu após ter consumido 25 doses de vodca numa festa estudantil [1].
Se a vodca serve para fugir da morte por tédio, o que pode levar os jovens com uma vida aparentemente bem sucedida a morrer de tédio?
Morre-se de tédio ao ficar aprisionados nele, quando a inquietação descrita por Leopardi não leva a busca de algo que corresponda à “capacidade de sua própria alma”, e sim ao desespero (morrer de vodca). A negação da cultura contemporânea acerca da possibilidade racional e pertinência desta busca, negação tão difundida em nossas universidades, dá vazão a este desespero. Em nossas propostas educativas, não é suficiente fornecer instrução e competência técnica mesmo que de excelência, se não abrirmos espaço para horizontes de sentido totalizante. Como interpelamos os jovens de modo que eles não se sintam meras peças de engrenagens massificantes e sim portadores de um desejo infinito? É esta percepção de si como sujeitos deste desejo que impulsiona um jovem à busca, e o faz sentir protagonista de uma ação útil para si e para o mundo.
Notas:
[*] Boredom, de pborsey, disponível no Flickr.
[1] "Melhor morrer de vodca do que de tédio", diz perfil de estudante que morreu em festa. Estado de São Paulo, 3 de março de 2015.
[2] LEOPARDI, Giacomo. Pensiero n. 68. In: LEOPARDI, Giacomo. Poesie e prose. Vol. 2. Milano: Mondadori, 1980, p. 321.
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