segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Construindo o Brasil: A economia

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Ex nihilo nihil fit
Falência econômica, política e moral. Extremismo. Incomunicabilidade. Violência. Desde meados de 2016, com o auge da operação Lava-Jato e o impeachment da presidente Dilma Roussef por improbidade administrativa, é notável a interrogação que pulula na mente da acanhada parcela da nação brasileira que parece ter conservado um mínimo de prudência: como, diabos, chegamos até aqui? Ex nihilo nihil fit, diria Parmênides; nada surge do nada.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Gerado por uma civilização cristã

Traduzimos o Spirto Gentil sobre os Prelúdios para piano de Rachmaninov. Nesse texto, Luigi Giussani afirma que o que cria uma sociedade nova é o pertencimento a um povo e que “a caridade é matriz de cultura”.




sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O legado de Giovanni Falcone e de Paolo Borsellino


Sérgio Moro afirmou recentemente estar se inspirando na figura do juiz italiano Giovanni Falcone. Os comentários sobre esta afirmação nos jornais nacionais, como a Folha e o Estadão têm sido frequentes. Alguns associaram a atuação do magistrado siciliano à operação Mãos Limpas (chamando Falcone de “juiz das Mãos Limpas”, por exemplo O Estado de São Paulo dia 5 de novembro). Trata-se de erro grosseiro: talvez devido ao desconhecimento da história recente da Itália e de informações imprecisas a respeito, veiculadas pelo espanhol El Pais (que também se referiu a Falcone nos mesmos termos).

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Bem comum


Fernando Gabeira, em artigo no Estado de São Paulo do dia 04 da novembro de 2018, cita uma discussão proposta no livro The Once And Future Liberal After Identity Politics (2016) de Mark Lilla: segundo Gabeira, "Lilla considera um erro a fixação nas lutas identitárias porque elas afastam um pouco as pessoas dos temas mais amplos, que envolvem o bem comum. As pessoas mergulhadas nessas lutas têm tendência menor a defender temas nacionais, sair para uma conversa nas ruas sobre o que ele chama o bem comum". Gabeira afirma ser este um fator de grande peso no que diz respeito a ultima eleição brasileira: "também na minha crítica ressaltava a ausência da ênfase no bem comum, só que nos meus textos não usava essa expressão, mas a adesão a um projeto nacional". E afirma a necessidade de "um tempo de reflexão, estudos e debates".

sábado, 27 de outubro de 2018

O valor da construção de comunidades para o Brasil de hoje

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O Papa Francisco na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate diz: “É muito difícil lutar contra a própria concupiscência e contra as ciladas e tentações do demônio e do mundo egoísta, se estivermos isolados. A sedução com que nos bombardeiam é tal que, se estivermos demasiado sozinhos, facilmente perdemos o sentido da realidade, a clareza interior, e sucumbimos” [1].

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Queridos irmãos brasileiros...


Estamos assistindo a uma intolerância nunca vista na nossa sociedade. No domingo a noite um mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, Moâ do Katende, foi assassinado em Salvador numa briga gerada pelo embate político acerca das escolhas eleitorais. Semanas atrás, um dos candidatos presidenciável foi esfaqueado em Juiz de Fora. As redes sociais cujo objetivo deveria ser o de facilitar a comunicação e o diálogo e, portanto, de serem instrumentos para a construção da vida política, tem se tornados meios para dar vazão a discursos e afetos raivosos. Tais contraposições chegam a causar rupturas inclusive no âmbito dos núcleos familiares e de amizade. Justamente num momento em que a sociedade civil é provocada para assumir um protagonismo maior diante de uma política quebrada, ela se demonstra incapaz de qualquer atitude política, pois a política é baseada no diálogo que pressupõe a polis, um lugar comum, um bem comum a cuidar. Isto é muito grave inclusive porque atinge também aquelas comunidades intermédias que deveriam estar em primeiro lugar na construção da polis, como as igrejas cristãs, inclusive a católica. 
Certamente pode-se identificar as causas desse fenômeno. A falta de lideranças efetivas e construtivas tem deixado um vácuo profundo ou têm sido substituídas por mitos. Nas comunidades, a falta de um trabalho educativo ao uso da razão e a sua aplicação na consideração dos interesses mais importantes na vida, e a política é um deles, tem aberto as portas para posicionamentos ideológicos e preconceituosos; ou para reações moldadas por uma afetividade instintiva e degradante. É preciso tomar consciência que, se quisermos efetivamente a democracia, estas atitudes são totalmente adversas a ela.  E perseverando nessas atitudes, seremos nós, os primeiros a destruí-la.
Queremos repropor à reflexão de todos o testemunho de um homem autentico, padre Christian de Chergé. Ele pode nos ensinar o que efetivamente significa estar presente dentro da realidade sem fugir aos seus desafios, e como se relacionar com quem tem ideias, valores e posições muito diferentes dos nossos, chegando até a ser nosso inimigo e a ameaçar a nossa vida. A resposta não é revidar, mas amar. Mas isto é possível somente na medida em que tenhamos um horizonte grande na vida, a certeza vitoriosa de Cristo, Senhor da história. Contra toda violência e intolerância que brotam do medo, da insegurança do desespero, precisamos abris as janelas de nossas almas para o vento do Espírito que sempre constrói a novidade do mundo e da história.  

Testamento espiritual do padre Christian de Chergé
aberto no Domingo de Pentecostes em 1996

Na noite entre 26 e 27 de Março de 1996, sete dos nove monges trapistas que formavam a comunidade de Tibhirine, mosteiro fundado em 1938 perto da cidade de Medea, 90 km ao sul de Argel, foram sequestrados por um grupo de terroristas. Em 21 de maio do mesmo ano, após negociações inúteis, o chamado "Grupo Islâmico Armado" anunciou seu assassinato. Em 30 de maio, suas cabeças foram encontradas, os corpos nunca foram encontrados.
Irmão Christian de Chergé era prior da Comunidade, 59 anos, monge desde 1969, na Argélia desde 1971. Forte personalidade humana e espiritual do grupo, filho de general, conheceu a Argélia durante três anos de sua infância e vinte e sete meses de serviço militar na guerra da independência. Depois de estudar no seminário carmelita de Paris, tornou-se capelão do Sacré Coeur de Montmartre, em Paris. Mas ele logo entrou no mosteiro de Aiguebelle para chegar a Tibhirine em 1971. Ele tinha um profundo conhecimento do Islã e uma capacidade extraordinária de expressar a vida e a construção da comunidade.

Quando se perfila um a-Deus

Se acontecer comigo um dia (e poderia até ser hoje) de ser uma vítima do terrorismo que parece querer atingir todos os estrangeiros que vivem na Argélia agora, gostaria que minha comunidade, minha Igreja, minha família lembrassem que minha vida era doada a Deus e a este país.  Gostaria que eles aceitassem que o único Senhor de toda vida não poderia ser estranho a esta partida brutal. Gostaria que eles orassem por mim: como eu poderia ser achado digno dessa oferta? Que eles soubessem associar esta morte com tantas outras igualmente violentas, deixadas na indiferença do anonimato.
Minha vida não tem mais valor do que outra. Nem menos. Em qualquer caso, ele não tem a inocência da infância. Eu vivi o suficiente para saber que sou cúmplice do mal que parece, infelizmente, prevalecer no mundo, e também daquele mal que poderia me atingir cegamente.
Quando chegasse a hora, eu gostaria de ter aquele momento de lucidez que me permitiria solicitar o perdão de Deus e dos meus irmãos na humanidade e, ao mesmo tempo, perdoar de todo o coração que me atingira.
Eu não poderia desejar por tal morte. Parece importante para mim declará-lo. Na verdade, não vejo como eu poderia me alegrar com o fato de que um povo que eu amo seja indiscriminadamente acusado de meu assassinato.
Seria um preço muito caro, pelo que, talvez, eles chamariam de "graça do martírio", o dever de um argelino ser quem ele é, especialmente se ele diz que age em fidelidade ao que ele acredita ser o Islã.
Conheço o desprezo com que chegamos a considerar os argelinos de modo geral. Eu também conheço as caricaturas do Islã que certo islamismo encoraja. É muito fácil livrar-se da consciência identificando esse caminho religioso com os extremismos de seus extremistas.
A Argélia e o Islã, para mim, são outra coisa; são um corpo e uma alma. Tenho proclamado isso com bastante frequência, creio eu, com base no que tenho recebido, encontrando ali tantas vezes aquele fio condutor do Evangelho aprendido no colo de minha mãe, a minha primeira Igreja, precisamente na Argélia, e desde então no respeito dos crentes muçulmanos .
Evidentemente, minha morte parecerá dar razão àqueles que me trataram superficialmente como um ingênuo ou idealista: "Diga-me o que você pensa agora!" Mas eles devem saber que minha curiosidade mais excruciante finalmente será liberada. Eis que poderei, se Deus quiser, imergir meu olhar naquele do Pai, para contemplar com Ele seus filhos do Islã como Ele os vê, todos brilhando com a glória de Cristo, fruto da sua paixão, o Dom do Espírito , cuja alegria secreta será sempre estabelecer a comunhão e restaurar a semelhança, brincando com as diferenças.
Desta vida perdida, totalmente minha e totalmente deles, eu agradeço a Deus que parece ter desejado tudo para essa alegria, através e apesar de tudo.
Neste obrigado, em que tudo é dito, até agora, da minha vida, eu certamente incluo vocês, amigos de ontem e de hoje, e vocês, amigos daqui, ao lado de minha mãe e meu pai, minhas irmãs e meus irmãos, cêntuplo que me foi concedido como prometido!
E você também, amigo de última hora, que certamente não sabia o que estava fazendo. Sim, eu quero este agradecimento também para você, para este a-Deus perfilado através de você. E que nos seja dado para nos reencontrar, ladrões abençoados, no céu, se Deus quiser, Pai nosso, de ambos. Amém! Insc'Allah

Argel, 1 de dezembro de 1993
Tibhirine, 1 de janeiro de 1994

Cristão †

sábado, 6 de outubro de 2018

Não pode haver Oriente Médio sem os cristãos


O Xeique Abdel Latif Darian, mufti do Líbano que significa uma autoridade que interpreta a lei islâmica, afirmou recentemente para alunos recém-formados de uma escola islâmica que o Oriente Médio não pode viver bem sem os cristãos e precisa deles. “Cuidado para que o Oriente Médio não fique sem os cristãos. Não poderá haver um Oriente Médio sem os cristãos orientais que vivem conosco na mesma nação e que compartilham o mesmo pão e respiram o mesmo ar”, afirmou o Xeique.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Criar uma existência livre do poder: papel do santo, papel do cristão autêntico


Nesta semana tão decisiva para o Brasil,as palavras do grande teólogo alemão H. U. von Balthasar lembra-nos que os cristãos ainda têm uma tarefa única a realizar na sociedade, em seu país:  
O cristão pode percorrer o seu caminho no mundo com uma esperança fresca, crível, criada pela origem divina e na medida em que permanece a fonte e ele bebe desta, pode endereçar a ela também os outros, os sedentos. Sim, através de si mesmo, pode fazer também os outros beberem dessa fonte originária. Assim, o cristão pode criar à sua volta um modelo de existência livre das questões de poder pessoal e social do mundo. E doar para além da morte (em todas as suas possíveis formas) um pressentimento da vida de Ressurreição, mesmo que no escondimento, mas com tanta eficiência que é capaz de muda o nível de vida do tecido da sociedade. (...) Permanece um sinal significativo que o empenho cristão nas suas formas mais decididas colocou uma constante e obstinada predileção para os que não têm nenhuma esperança humana e mundana e que já os outros desistiram de curar, como os agonizantes, os velhos, os incuráveis, os loucos e os disformes. Lá onde não há mais nada a esperar, nem o sorriso de agradecimento. O gênio cristão poderia e deveria penetrar com este mesmo sereno desafio da liberdade em todas as estruturas da sociedade que têm nelas mesmas análoga falta de esperança do agonizante, do doente, do louco, e se colocar a curá-las e a tratá-las com uma esperança que supera a morte, mesmo que leva em conta sua presença alguém poderia dizer que se trata de uma atitude e de um programa para santos. Pode ser. Mas a vida cristã sempre fui crível onde brilhou pelo menos uma faísca da verdadeira santidade [1]
Fonte:
[1]  VON BALTHASAR, U. e GIUSSANI, L. L'impegno del cristiano nel mondo. Milano: Jaca Book, 2017, pp. 61-62 (Original de 1971), tradução nossa.

A amizade vocacional na comunidade de consagrados


Assim como a amizade no casamento cristão (confira post do dia 31/08/2018) nasce do compartilhar a vocação comum de construir uma família, gerar vida, cuidar da vida de todos os membros da família e, portanto, também um do outro, a amizade na vida consagrada nasce da vocação comum de se entregar totalmente a Cristo numa relação esponsal. Pois a vocação à vida consagrada se não se tornar, afetivamente, no relacionamento com Cristo e no amor à sua Igreja, uma relação esponsal, não será verdadeira vocação, não gerará vida, mas sepultura para o coração. A energia do coração morrerá e tornar-se-á duro como pedra. E, antes ou depois, este coração poderá fugir do relacionamento com Cristo e buscará fora, desesperado, todo tipo de compensação.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Irmã Mônica Castanheira, OSB: o conhecimento amoroso de Deus


A vida de irmã Monica Castanheira (04/05/1926 - 03/09/2018) testemunhou a experiência que santo Agostinho descrevera como conhecimento amoroso de Deus. Conhecemos sua sabedoria que nos alimentava e orientava com seus conselhos e sua inteligência profunda e sempre atenta e curiosa diante da realidade. 
Filha de um poeta e político de São João-del-Rey, Venâncio Castanheira, Mônica (Maria Teresa, no século) bebera da cultura religiosa e civil de sua cidade natal. Dotada de uma razão vivaz e aguda, iniciara sua busca pela Verdade quando, ainda muito jovem. Graduou-se em Filosofia na Universidade Católica de Belo Horizonte e frequentou os movimentos juvenis da Ação Católica. Mas, no percurso, se desvendou para ela o horizonte último dessa busca, pelo encontro com Cristo, a Quem dedicou definitivamente sua vida na vocação monástica beneditina, professando votos no dia 21 de janeiro de 1949. Pertenceu ao Mosteiro beneditino de Santa Maria em São Paulo e posteriormente participou da fundação do Mosteiro de Nossa Senhora da Paz em Itapecerica da Serra, cuja fundadora e primeira abadessa foi Madre Doroteia Rondon Amarante . 
Em Irmã Mônica o saber se iluminava pela humildade beneditina e era oferecido ao interlocutor acompanhado por um sorriso alegre, acolhedor e valorizador. Desse modo, Irmã Mônica acompanhou de modo discreto e atento o percurso do pintor Cláudio Pastro, a ele oferecendo constantemente o suporte de seu grande conhecimento bíblico e teológico, que inspirara as obras do artista, dentre as quais o grande Jardim do Paraíso que é o Santuário Nacional de Aparecida.
Apelidávamos a irmã Monica de madrinha pois efetivamente foi para nós mãe em Cristo: nos acompanhou e fortaleceu pela sua fé e oração em nossa caminhada, em todas as circunstâncias. Agora no Céu eternamente reunida aos seus grandes amigos, especialmente Madre Doroteia, Cláudio Pastro, Irmã Emerenciana, Irmã Paulina e Irmã Maria Beatriz e tantos outros, participa da alegria eterna e contempla face-a-face a Luz daquele Rosto que tanto amou e nos comunicou em sua vida.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A amizade vocacional no casamento cristão

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Os amigos verdadeiros são aqueles que se ajudam, um ao outro, a se encontrar consigo mesmo, a descobrir o verdadeiro eu de cada um, a reconhecer os talentos reciprocamente; assim como se ajudam no estudo, no trabalho e na vida. Para tanto, há duas formas estáveis de vida ou duas maneiras de viver a amizade na experiência da Igreja: o casamento cristão e a comunidade de consagrados.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O que você e eu podemos fazer para mudar o exercício da política para melhor em 2018


Nosso país ainda não desenvolveu uma consciência política que permita um exercício maduro da democracia. Ninguém até hoje se preocupou efetivamente com o que fazem os políticos ou as leis que aprovam para seu próprio benefício. Por isso eles vêm fazendo o que querem e o que é mais vantajoso para eles há décadas. Esse post deseja informar sobre o quanto custa um senador para o Brasil e o que você e eu podemos fazer em 2018 para mudar essa situação.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Para considerar e guardar na memória


Há fatos que precisam ser considerados e preservados na memória da população brasileira, como a notícia do último dia 8 de agosto de 2017, de que os ministros do Supremo Tribunal Federal em votação aprovaram a solicitação de encaminhamento da proposta junto ao Ministério do Planejamento, quanto ao reajuste de 16,38% no próprio salário para 2019. Isto pode gerar uma fatura extra de até R$ 4 bilhões, a ser dividida entre os poderes da União e dos Estados, cálculo este feito pelas consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado. 

terça-feira, 7 de agosto de 2018

A amizade como caminho para a realização de si


O que é o amor ou a caridade (...) senão o amor do Bem? O amor, porém, supõe alguém que ame e alguém que seja amado com amor. Assim encontramos três realidades: o que ama, o que é amado e o próprio amor. O que é, portanto, o amor se não uma certa vida que enlaça dois seres, ou tenta enlaçar, a saber: o que ama e o que é amado? [1]
Que ninguém diga: "Não sei o que amar". Que ele ame o seu irmão e estará amando o próprio Amor. Pois assim conhecerá melhor o amor com que ama do que o irmão a quem ama. Pode desse modo ter de Deus um conhecimento maior do que o do irmão. Sim, Deus torna-se mais conhecido, porque lhe está mais presente. Deus lhe será mais conhecido porque lhe é mais íntimo. Mais conhecido porque mais seguro. Ao abraçar a Deus que é Amor, abraças a Deus por amor. (...) Quanto mais livres estivermos do cancro do orgulho, tanto mais cheios estaremos de amor. Ora, de que está cheio quem está cheio de amor, senão de Deus mesmo? (...). "Deus é amor: aquele que permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele" (1Jo 4,16). (...) E o que ama o amor, senão o que nós mesmos amamos com amor? Esse algo é nosso irmão. [2]

terça-feira, 24 de julho de 2018

A amizade no Cristianismo


Nos Solilóquios, Agostinho escreve: “Razão: mas eu te pergunto: por que desejas que os homens que tu amas vivam junto contigo? Agostinho: para procurar juntos em plena concórdia a nossa alma e Deus. Assim será fácil para quem encontrou primeiro a verdade conduzir os outros sem dificuldade” [1].

segunda-feira, 23 de julho de 2018

A amizade como fenômeno humano supremo

“Em nossa convivência humana tão cheia de erros e de sofrimentos podemos ser confortados somente pela fé não simulada e pela solidariedade dos verdadeiros amigos” (Agostinho, Cidade de Deus, 19,8).
O maior tesouro da vida é ter amigos. Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro diz o Eclesiastes (6, 14). Uma pesquisa de Harvard que acompanhou um grupo de pessoas durante 75 anos descobriu exatamente isso, ao mostrar que a felicidade e a saúde física e mental estão na qualidade das nossas relações pessoais, e não no dinheiro ou nos bens e talentos que alguém possa possuir [1]. Quem criou laços fortes com outros seres humanos é mais feliz e tem mais saúde. Ou seja, amar e ser amado, ter amigos, é o que traz maior felicidade à vida.
O que é a amizade?

sábado, 14 de julho de 2018

O encontro

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Naquele tempo, João estava de novo com dois de seus discípulos e, vendo Jesus passar, disse: 'Eis o cordeiro de Deus'.
Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: 'O que procurais?' Eles disseram: 'Rabi, onde moras?' Jesus respondeu: 'Vinde ver'. Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele. Era por volta das quatro da tarde.
André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus. Ele foi logo encontrar seu irmão Simão e lhe disse: 'Encontramos o Messias'. Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: 'Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas'. (Jo 1,35-42)

terça-feira, 12 de junho de 2018

A Doutrina Social da Igreja: o princípio da subsidiariedade


Na sequência de nossas postagens sobre a Doutrina Social da Igreja (DSI), abordaremos, neste post, o princípio da subsidiariedade. É importante que, como cristãos católicos, estejamos bastante conscientes do conjunto de critérios fundamentais que a DSI pode representar para, nesse momento que, como nação, estamos passando, sermos capazes de uma decisão mais adequada no pleito eleitoral deste ano.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Para não nos esquecermos...


Hoje, dia 04 de junho de 2018, completam-se 29 anos que o exército chinês massacrou um movimento de cerca de um milhão de estudantes e operários que, por um mês, naquele ano de 1989, ocuparam a praça Tiananmen pedindo uma maior democracia e menos corrupção aos membros do Partido Comunista Chinês. Entre 200 e 2 mil  pessoas foram mortas a golpe de fuzil ou esmagadas pelos carros armados do exército; dezenas de milhares foram presas e condenadas como contra-revolucionários. E até hoje nenhuma justiça foi feita pelo regime, como diz uma carta enviada pelas mães dos estudantes mortos ao atual chefe de governo, Xi Jinping: "a tragédia do 4 de junho já é história, mas este desastre permaneceu sem solução e suas feridas ainda devem ser curadas".

Colocar Deus no centro da nossa vida...

Reproduzimos, abaixo, alguns trechos selecionados da homilia do Cardeal Robert Sarah, no último dia 21 de maio de 2018 - Dia de Pentecostes -, na Catedral de Chartres [1], na França. Apesar da referência àquele país, muito do juízo do Cardeal Sarah é muito útil para pensarmos o momento que vimos atravessando no Brasil.


Olhemos ao nosso redor! A sociedade ocidental decidiu organizar-se sem Deus. Ela está agora entregue às luzes cintilantes e enganadoras da sociedade do consumismo, do lucro a qualquer preço, do individualismo sem medida.

sábado, 26 de maio de 2018

A Doutrina Social da Igreja: o princípio da personalidade


Dando continuidade à série de postagens sobre a Doutrina Social da Igreja (DSI), mais especificamente sobre os quatro princípios sobre os quais ela se fundamenta, trataremos hoje do princípio da "personalidade". Como vimos insistindo desde a primeira (leia aqui e aqui), é importante, às vésperas das Eleições de 2018, municiarmo-nos de critérios precisos para uma escolha entre os candidatos que se apresentarem definitivamente para este pleito.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Santuário dos Mártires Coptas




Os corpos dos 20 mártires coptas decapitados em fevereiro de 2015 na Líbia pelo Estado Islâmico, "voltaram para casa" e foram colocados em um santuário - a "Igreja dos Mártires da fé e da nação" - construído para a ocasião na aldeia egípcia de Al-Our, na província de Minya, de onde vieram 13 das 20 vítimas (a vigésima primeira veio de Gana).
A igreja é impressionante, assemelha-se a uma grande catedral no deserto e foi financiada pelo presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi. As relíquias dos mártires, declarados santos pela Igreja Ortodoxa Copta, foram colocadas em uma caixa de madeira cercada por uma capa de veludo vermelho que leva o nome e a fotografia do santo.
O santuário é adornado com vários ícones pintados por dois artistas egípcios, Edmon Kamel e Hany Sawiris. O primeiro representa Jesus no trono encimado pelo verso do Apocalipse: "Eis que venho em breve, e a recompensa que dou está em minhas mãos, para retribuir cada um de acordo com suas obras". Outro representa Jesus com os 21 mártires.

terça-feira, 22 de maio de 2018

A responsabilidade política de cada um


É falsa a percepção de que cada um de nós não pode fazer nada como indivíduo ou é impotente para mudar nossa situação política [1]. Isso não é verdade! Vivemos um período em que existe uma grande oportunidade para se reconhecer a importância de bons políticos. 

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Mais um sacerdote assassinado nos últimos dias


Artigo do Osservatore Romano - Padre Mark Ventura, 37 anos, foi assassinado ontem nas Filipinas depois de celebrar missa em uma igreja nos arredores da cidade de Gattaran. Ventura estava abençoando as crianças e conversando com os membros do coral quando um homem que usava um capacete de motocicleta disparou alguns tiros contra ele antes de fugir. "Estamos chocados e incrédulos", disse o arcebispo Romulo Geolina Valles, presidente da Conferência Episcopal das Filipinas.

Perseguição aos cristãos na África


Massacre durante a missa em Bangui, na República Centro-Africana. Uma igreja católica foi atacada por um comando armado de granadas. Segundo a mídia local, há pelo menos nove mortos e dezenas de feridos. Na Catedral de Notre-Dame, de Bangui – segundo fontes locais e redes de informação religiosa – centenas de fiéis se reuniram para celebrar a fraternidade de São José. De repente, homens armados apareceram durante a missa e começaram a atirar granadas. Entre os mortos também havia um padre: Albert Toungoumale Baba (na imagem). O número de mortos e os feridos ainda é provisórios. A mesma igreja, na capital da África Central, já havia sido atacada em maio de 2014. A construção é muito próxima dos distritos do PK5, o enclave muçulmano, muitas vezes no centro dos confrontos.

O Estado, a ciência e o valor da pessoa: o caso de Alfie Evans


O pequeno Alfie Evans morreu no dia 28 de abril em Liverpool, depois de uma crise respiratória. No dia 9 de maio de 2016, Alfie Evans nasceu, em Liverpool, filho de Thomas e Kate James, na época respectivamente de 19 e 18 anos. Aos 14 de dezembro de 2016, a criança foi internada no Hospital Alder Hey devido a convulsões que lhe causavam sofrimento. Aos 3 de agosto de 2017, após meses de tentativas fracassadas de estabelecer um diagnóstico e consequente tratamento, os pais relataram que o hospital havia tomado a decisão de remover a ventilação por considerar a vida de Alfie de baixa qualidade. E aos 24 de agosto de 2017, Tom e Kate começaram a campanha do “Exército de Alfie”, procurando um hospital pronto para receber seu filho e um neurologista que pudesse fazer um diagnóstico. No dia 1 de dezembro de 2017, o hospital pediu à Corte Suprema para remover a ventilação. Para os médicos, “sua vida não faz sentido”... E aos 19 de dezembro, numa audiência pública na Divisão Familiar do Supremo Tribunal de Londres, o juiz Anthony Paul Hayden decretou que os aparelhos de ventilação artificial do Hospital deveriam ser desligados, pois segundo o Hospital Alder Hey o tratamento contínuo para a manutenção da vida “não seria do interesse de Alfie”. Os pais da criança, Tom Evans e Kate James lutaram em todas as instâncias do Judiciário para que o suporte artificial à vida de Alfie não fosse descontinuado e o bebê pudesse ser transferido para outro hospital, na esperança de ter sua condição diagnosticada com exatidão.  Mas médicos e juízes juntos sob o já citado pretexto de estarem agindo “no melhor interesse” de Alfie, decidiram dar ao menino, simplesmente uma sentença de morte. Não quiseram deixá-lo sair do hospital. Não quiseram fornecer a alimentação necessária para a sobrevivência da criança. Os juízes da Corte inglesa não aceitaram a oferta da Itália que concedeu a cidadania italiana a Alfie para que ele pudesse ser cuidado no Hospital Bambin Gesù em Roma. “No melhor interesse de Alfie”, assim justificaram. Nem sequer quiseram receber a Diretora do mesmo hospital que viajou para Liverpool afim de discutir com os médicos a possível transferência da criança. 

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Princípios para Ação Social e Política - Módulo II - Política e Bem Comum


A Oficina Municipal - Escola de Cidadania e Gestão Pública está oferecendo um curso de 8h, totalmente gratuito, entre os dias 02 e 23 de maio. As vagas são limitadas (50 vagas), mas o curso costuma ser transmitido ao vivo na página oficial da escola, no Facebook

sábado, 21 de abril de 2018

A Igreja no México... perseguição outra vez?


CIDADE DO MÉXICO - Padre Juan Miguel Contreras Garcia, padre de 33 anos, foi morto ontem, dia 20 de abril de 2018, ao final da celebração da missa na paróquia São Pio de Pietrelcina, em Tlajomulco, no estado de Jalisco. Outro luto na Igreja mexicana.

Ressurreição: a exaltação da minha pessoa no amor



É muito fácil para nós compreendermos a cruz de Cristo e os acontecimentos da sua Paixão, Morte e sepultamento do que a sua Ressurreição. Os fatos descritos no Tríduo Pascal e na Semana Santa são visíveis, palpáveis, carnais. Todos podemos ver Cristo que lava os pés dos discípulos, reparte o pão e o vinho na última ceia, carrega a cruz, é flagelado e, finalmente, morre crucificado. Podemos reviver e encenar todas essas passagens da vida de Cristo. São visíveis e humanas! 

quinta-feira, 5 de abril de 2018

A Doutrina Social da Igreja: o princípio do bem-comum


Nos próximos posts sobre a Doutrina Social da Igreja (DSI), vamos abordar os quatro princípios que orientam a compreensão que a Igreja tem da realidade social do homem, quais sejam: o bem-comum, a personalidade, a subsidiariedade e a solidariedade. Neste post trataremos especificamente do princípio do bem-comum. Antes, porém, iremos abordar brevemente duas questões fundamentais: a articulação entre os princípios e a necessidade de uma ação orientada por eles. Vale lembrar que, diante dos últimos eventos envolvendo a política nacional e diante, sobretudo, da iminência do pleito de 2018, uma reflexão iluminada pela DSI, pode nos oferecer critérios mais precisos no momento da escolha dos governantes que estarão à frente de processos que poderão culminar em importantes transformações políticas, com suas evidentes consequências nos âmbitos social e econômico.

A Doutrina Social da Igreja: introdução


Vamos começar, com esta, uma série de postagens sobre a Doutrina Social da Igreja (DSI). A intenção é oferecer aos leitores, além de uma visão de conjunto, breve e pontual, da DSI, critérios que permitam a um cristão católico, neste ano de eleições, julgar mais adequadamente as propostas dos diversos candidatos para o pleito que, em 2018, escolherá presidente, governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais, para os próximos 4 anos.

quinta-feira, 29 de março de 2018

A misericórdia que reedifica

Para ajudar a celebrar a Semana Santa, propomos este texto de Luigi Giussani, comentando a peça As sete últimas palavras de Nosso Redentor na cruz, de Franz Joseph Haydn. "O Mistério que faz todas as coisas se mostrou na vida do homem como Amigo e Pai, numa modalidade historicamente definitiva, aquela pela qual Cristo veio."


segunda-feira, 19 de março de 2018

O que é o diálogo, segundo Ratzinger e Giussani

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Publicamos a tradução de texto publicado no jornal Tempi [1], no último dia 17 de março de 2018. “Para Giussani, a identidade não é o produto do diálogo, mas é seu pressuposto e, assim, a verdade não é o produto da discussão, mas a precede e não deve ser criada nessa, mas encontrada”

quinta-feira, 15 de março de 2018

Em memória de um mártir: para não esquecer


Dez anos atrás, aos 13 de março de 2008, perto do cemitério do distrito de Karama foi encontrado o corpo martirizado de monsenhor Paul Faraj Rahho, arcebispo de Mosul, sequestrado duas semanas antes, por um bando de terroristas islâmicos pouco depois de sair da igreja.

terça-feira, 6 de março de 2018

A violência e o perdão

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O Brasil está na lista dos países mais violentos do mundo. No ano passado foram assassinados 60 mil brasileiros. Por quê? Atribui-se à instabilidade econômica, ao desemprego e à desigualdade de oportunidades. Um grande estudioso do fenômeno da violência afirma que ela não explode por causa da pobreza, mas devido à percepção de injustiça. Ou seja, a violência vem à tona naqueles lugares nos quais as pessoas percebem, com clareza, que estão sendo excluídas do que a sociedade considera um valor e um bem para si. Por isso, é a percepção de exclusão e de injustiça que gera a violência.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Igreja, CEBs e Política


Recentemente houve um Encontro intereclesial das Comunidade Eclesiais de Base (CEBs) que terminou por levantar uma questão fundamental para a Igreja no Brasil: em que medida os membros da Igreja, sobretudo seus sacerdotes e bispos, devem se envolver com um partido político em particular? 

Trabalho e escravidão


É recente a polêmica acerca da decisão de Amazon, que visando acelerar a busca e entrega por produtos armazenados pelos seus funcionários, passou a impor-lhes o uso de uma pulseira wireless, capaz de monitorar com precisão todos os gestos realizados, vibrando para orientá-las na direção certa e, de fato, controlando todos os seus movimentos. O sistema é baseado em três fatores: 1) a pulseira usada pelo trabalhador que se comunica com os 2) transdutores ultrassônicos posicionados no meio ambiente e 3) um “módulo de gerenciamento” que permite movimentos de rastreamento. O próximo passo seria a automação total dos processos que, então, transformaria os homens em máquinas controladas [1]. 

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Peregrinando para Casa


No último dia 5 de fevereiro de 2018, respondendo ao interesse dos leitores do jornal italiano Corriere della Sera por sua saúde, o Papa Emérito Bento XVI escreveu uma resposta que foi publicada naquele jornal, no dia seguinte, na coluna do escrito Massimo Franco. Publicamos a tradução da matéria e da carta na sua íntegra.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Um exemplo para os brasileiros, hoje



"Como se pode esperar que o destino conceda a vitória para uma causa justa quando ninguém está pronto para se sacrificar por isso?" (Sophie Scholl, da Rosa Branca).

Em 22 de fevereiro de 1943, os irmãos Scholl foram executados por alta traição do povo alemão, por pertencerem ao grupo Rosa Branca (Weiße Rose). Apenas quatro dias antes, foram presos na Universidade de Mônaco enquanto distribuíam panfletos. Eles tinham 24 e 21 anos de idade. Não foi o gesto heroico de um momento, como se depreende da leitura de cartas e diários que escreveram por um período de seis anos. Moviam-se por um indomável desejo de vida, de verdade, de justiça, de beleza que nem mesmo um contexto tão dramático como o nazismo e a guerra puderam sufocar. Até o sacrifício da própria vida.
Eles nos ensinam que, para cuidar deste bem-comum, é preciso se dedicar, se envolver em primeira pessoa e se sacrificar. Nenhuma mudança no rumo do destino de uma pessoa, de uma sociedade, de uma nação, acontece fora desta lógica. 

E nós?