quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A busca do destino como epopeia

Refletindo sobre o momento atual brasileiro – de crise moral e política – e sobre o tempo de espera inaugurado com o início do Advento, propomos mais um texto da coleção Spirto Gentil, no qual Luigi Giussani nos lembra que “um povo nasce como companhia de homens que se põem juntos à procura do seu destino. E será a visão de um bem comum não genericamente entendido a manter um povo unido: aquilo que dá personalidade a um povo é um ideal, um bem comum como ideal, para além de todos os interesses possíveis e as necessidades a satisfazer”. Para falar dos Cantos Populares Russos, o autor ressalta ainda como eles buscam exprimir “o homem chamado à fé, mesmo que não o saiba”.






Por Luigi Giussani

O aspecto mais significativo para mim dos cantos populares russos é que eles nunca são o produto de um fenômeno individualista, mas fazem sempre referência a um acontecimento que tem como sujeito a pessoa como parte de um povo [1]. Aqui está, de fato, a diferença profunda entre indivíduo e pessoa: a pessoa é um indivíduo na medida em que pertence a um povo, isto é, a um pedaço de história paradigmático, no qual todo o fenômeno da história se realiza em um segmento circunstanciado de tempo e de espaço. Um povo nasce como companhia de homens que se põem juntos à procura do seu destino. E será a visão de um bem comum não genericamente entendido a manter um povo unido: aquilo que dá personalidade a um povo é um ideal, um bem comum como ideal, para além de todos os interesses possíveis e as necessidades a satisfazer.